Conteúdo organizado por Andressa Rélica Leite Rocha Oliveira Ramos em 2022 do livro Manual de Compliance, publicado em 2021 por CARVALHO, A. C., ALVIM, T. C., BERTOCCELLI, R. D. P., & VENTURINI, O. pela Editora Forense, 2021.
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Noções básicas de gestão de riscos
Criar e preservar uma boa reputação das marcas e organizações, proporcionando a elas ter uma longa vida no mercado, é um dos objetivos almejados com os programas de compliance.
Dentro desses programas, a governança corporativa exerce um papel fundamental nas organizações, especialmente na forma como as empresas são geridas e as decisões de gestão são tomadas.
No entanto, para que suas metas sejam alcançadas a contento, é imprescindível que ela desfrute de instrumentos capazes de antever situações de possível perigo a fim de reestruturarem suas estratégias. Nesse contexto, uma boa gestão de riscos se apresenta como um instrumento valioso, pois é hábil para monitorar, analisar e oferecer alertas antecipadamente, de modo que a rota do negócio possa ser tempestiva e adequadamente ajustada.
Portanto, entender os conceitos básicos da gestão de riscos nos ajudará a compreender como são construídos os alicerces dos bons programas de compliance.
Uma das principais funções da implementação de um modelo de gestão de riscos é garantir a longevidade do negócio e a previsibilidade dos seus resultados esperados."
CARVALHO et al. (2021)
Popularmente, é comum haver uma certa confusão entre riscos e incertezas. Por esta razão, precisamos ter em mente que, enquanto a incerteza se constitui de variáveis desconhecidas, impossibilitando a mensuração de seus impactos, o risco trata de variáveis identificáveis, permitindo, com isso, a previsibilidade e o cálculo de sua ocorrência.
CARVALHO et al. (2021) sustentam que “a gestão de riscos consiste em balancear os riscos considerados críticos para a empresa com controles efetivos para mitigá-los de forma adequada de acordo com o apetite e a tolerância da organização.”
Recordemos que toda empresa é criada com finalidades específicas, estabelecidas em seus atos constitutivos, e que se aperfeiçoam ao longo do tempo na medida em que o negócio se desenvolve.
Para que tais objetivos sejam atingidos de forma eficiente, as empresas lançam mão de planejamentos, que por sua vez, estabelecem metas mensuráveis, com prazos e ações bem definidos.
É neste momento, que surge a necessidade de averiguar as variáveis que possam afetar negativamente o planejamento, a fim de antever as possíveis ameaças a que chamamos de “riscos”.
Assim, o sucesso do planejamento empresarial consiste na necessidade de se identificar os riscos antecipadamente para então estabelecer as estratégias que nortearão a gestão do negócio.
A gestão de riscos pode então ser entendida como um conjunto de atividades coordenadas que visam ao gerenciamento e controle da organização, mapeando e avaliando os riscos, a fim de prevenir potenciais ameaças, através da mitigação ou tratamento desses riscos, servindo ainda como prévia estratégia do negócio ou como instrumento para tomada de decisão.
Logo, enquanto a governança corporativa exerce um papel fundamental nas organizações especialmente na forma como as empresas são geridas e as decisões de gestão são tomadas, uma boa gestão de riscos tem condições de antever situações que coloquem a empresa em perigo, possibilitando o ajuste do planejamento e da estratégia de modo a conduzir a organização a uma vida longa e próspera.
Existem diversos tipos de riscos, alguns são exógenos, ou seja, oriundos de variáveis externas (macroeconômico, ambiental, social, tecnológico, legal), enquanto outros são endógenos, pelo que surgem de variáveis internas (financeiro, ambiental, social, tecnológico, de conformidade).
Há também os riscos financeiros e não financeiros, como os operacionais por exemplo. Riscos considerados críticos, não estão necessária e diretamente relacionados às finanças, antes são aqueles que afetam ou podem afetar determinado negócio de maneira contundente nas seguintes áreas:
Uma vez que nem todos os riscos são iguais ou têm a mesma amplitude, cada tipo deles demanda uma análise específica para que se adote uma estratégia adequada a fim de mitigá-lo ou transferi-lo.
Nesse sentido, não é suficiente apenas conhecer o mercado para definição das estratégias empresariais (variáveis exógenas), é também imprescindível conhecer as próprias debilidades da organização (variáveis endógenas) a fim de minimizar os riscos que possam intervir de maneira indesejada nos objetivos e resultados da empresa.
Ressalte-se que um dos principais objetivos de implementar um modelo de gestão de riscos é assegurar a longevidade do negócio e a previsibilidade dos seus resultados esperados.
Segundo CARVALHO et al. (2021), a gestão de riscos consiste em realizar uma análise crítica sobre o planejamento e suas metas almejadas, sobre os processos críticos ou sobre o portfólio de investimentos. Ressaltam, ainda que para cada uma das atividades citadas existe um resultado desejado e o gestor deve ter habilidade para analisar essa atividade de forma crítica, a fim de identificar possíveis pontos sensíveis que possam conduzir à concretização de potenciais situações de riscos e causar desvios do resultado esperados.
Como vemos, o sucesso do planejamento de uma empresa, de modo que esta possa alcançar seus objetivos, definidos em seus atos constitutivos, encontra-se na capacidade de antever os riscos e estabelecer estratégias adequadas que orientarão na gestão do negócio e nas tomadas de decisão.
É importante destacar que cada organização tem sua individualidade, pelo que um programa de compliance robusto, preparado para responder adequadamente às violações e ameaças, deve contar uma gestão de riscos eficaz, capaz de mapear, identificar, avaliar, mitigar e prevenir riscos, considerando, para tanto, as singularidades de cada empresa.
Assim, CARVALHO et al. (2021), sustenta que fazer gestão de riscos e fazer gestão de compliance implicam na construção de padrões de governança corporativa, sistema que engloba inclusive essa duas primeiras atividades, ainda que possa se desmembrar em várias outras atividades e instrumentos.
Webinar | ESG, compliance e gestão de riscos no mundo jurídico
"Webinar | ESG, compliance e gestão de riscos no mundo jurídico"
Link: <https://youtu.be/GfROvxc0mqY>. Acesso em: 31 jul. 2022.
Palestra: Gestão de Riscos e Compliance nas Organizações
"Palestra: Gestão de Riscos e Compliance nas Organizações"
Link: <https://youtu.be/JYz9VJqZTJI>. Acesso em: 31 jul. 2022.
A gestão de riscos, portanto, mostra-se como estratégia para que as organizações conheçam tanto o mercado, como as próprias deficiências de seu negócio, para então atuar minimizando os riscos, financeiros ou não, que possam afetar de maneira negativa os resultados esperados, posto que consiste em analisar de forma crítica o planejamento e suas metas desejáveis, o processo ou operação do modelo de negócio ou portfólio de investimentos, realizando um mapeamento das ameaças, a fim de identificar possíveis pontos de fragilidade que possam conduzir à concretização de potenciais eventos danosos e causar desvios no resultado almejado.
Considerando que a governança corporativa age para a sustentabilidade, perenidade e prosperidade dos negócios, esta deve incluir a gestão de riscos com todas as suas atribuições e as atividades de gestão de compliance a fim de prevenir, detectar e responder às violações que geram riscos.
Referências
Bibliográficas
CARVALHO, A. C., ALVIM, T. C., BERTOCCELLI, R. D. P., & VENTURINI, O. (2021). Manual de compliance. 3ª ed. Rio de Janeiro: Forense.
Mestrado em Direito Internacional - LAW540 - 1.3
Noções básicas de gestão de riscos
Imagens: Shutterstock
Livro de Referência:
Manual de compliance
CARVALHO, A. C., ALVIM, T. C., BERTOCCELLI, R. D. P., & VENTURINI, O.
Forense, 2021.